segunda-feira, setembro 10, 2007

A voz de Luciano Pavarotti

A dicção, apesar de trabalhada, deixava transparecer o sotaque do norte de Itália, onde o cantor nasceu e cresceu. Fruto, quiçá, de uma aprendizagem tardia, iniciada apenas aos 19 anos. O seu palato escavado conferia contudo ampla elasticidade fonética, camuflando com mestria eventuais insuficiências guturais. A substância do timbre ganhou também muito com o peso dos anos, emprestando à sua voz um carácter encorpado nos graves incidentes, e mais doce nos agudos, sobre-agudos, em especial nos remates baritonais. Um espectro de ressonância matricial imenso, tanto em largura como em profundidade, aliado a uma capacidade performativa inata, completavam um bouquet canoro raro. — António Jorge Marrinhas

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