E agora?

E agora, como é que os vou ouvir se já não tenho aquele velho e castanho gira-discos. Também, se calhar já nem funciona e o meu irmão, esperto, levou-o. Faz-me falta um prato e isso custa-me, é o que sei.
Não olhava para os meus discos há séculos, estão esquecidos numa prateleira do quarto de casa dos meus pais, ainda estão lá, ao lado do tempo deles.
Peguei nalguns, não foram muitos. Como um brinquedo de criança, relembro, capas, letras, canções, músicas, bandas e ídolos doutro tempo. Contam-me histórias: Lou Reed, Art of Noise, This Mortal Koil, Viollent Femmes, Doors, Bealtles, entre muitos outros que lá continuaram esquecidos junto com a poeira do tempo.

Dos contemplados, vou destacar The Feelies, Crazy Rhytms, 1980.
É um dos mais marcantes LPs dos anos 80, que assim, em 49.º lugar, terá sido considerado pela Revista Rolling Stone.
O som deles representava para mim uma transição entre a década passada e futura da música pop rock daquela época.
The Feelies eram uma "banda de garagem", com a formação típica de duas guitarras, solo e acompanhamento, baixo e bateria.
Lembro-me de longas e fantásticas guitarradas, do timbre das vozes e do ritmo com percussões variadas. Música criativa e enérgica, With a lot of feeling.
Não me posso esquecer: preciso dum prato.