quinta-feira, novembro 06, 2008

Mais Jazz - Blue Bossa

O Mais Jazz, hoje, tem o prazer de distinguir Blue Bossa, um dos standards de jazz mais tocados e ouvidos de sempre, seguramente, e dos mais bonitos, também.
Este extraordinário Blue Bossa foi composto por Kenny Dorham, que foi um dos trompetistas mais activos do bebop. Entre vários génios, tocou com Dizzi Guillespie, Charlie Parker, Thelonious Monk, Max Roach. Em 1963, leva para a sua banda Joe Henderson, este, um puto de 27 anos. Ficaram bons amigos e parceiros musicais. Daí nasceu Page One, álbum de Joe Henderson, com Pete LaRoca, Kenny Dorham, McCoy Tyner e Butch. Das obras mais emblemáticas do jazz. Nele é apresentado pela primeira vez Blue Bossa.

Pode começar por dizer-se que o ritmo deste Blue Bossa é inspirado na Bossa Nova, ou Samba quando é mais acelerado.
A tonalidade - uma espécie de roupa em que se veste - é em Dó menor. As tonalidade menores soam mais tristes, mais íntimas. No meio do tema, existe uma modelação para Ré bemol maior, passando soar diferente, com um carácter mais alegre. Como se de repente vestisse outra roupa mais colorida. No fim, regressa à tonalidade inicial para começar tudo outra vez. É aquela modelação ou a mudança de roupa, porém, que faz a diferença para os milhares de temas parecidos com este. Como passo de magia.

A melodia é simples, por isso, tão bonita. Traduzi-la numa imagem seria imaginar uma escada de notas ou de sons em que a melodia desce por vários degraus seguidos e no fim salta para o ponto de partida. Só que, cada descida destas começa um degrau abaixo da anterior, ou seja, indo cada vez mais baixo, a notas mais graves. Complicado, não? Isto são as primeiras três frases. Do resto acho que não tenho palavras, quanto mais imagens. Talvez assim: fica a contemplar o ambiente nos degraus mais baixos a que chegou e olhando para o topo hesita em regressar a ele. Mas regressa. E tudo recomeça uma e outra vez. Em looping.
Isto de trocar música por palavras é complicado.

2 comentários:

Sandra Leite disse...

"A melodia é simples, por isso, tão bonita."

E o simples continua exigindo elevada sofisticação. è falar, tocar com o mínimo e fazer desse mínimo ...o máximo.

Coisas da arte, especialemnete da música, arte que me domina.

beijos e boa 6a feira ;)

rb disse...

Uma boa sexta-feira, também, sempre com muito jazz.
:)