sábado, outubro 06, 2007

Encandeado

Com grandes parangonas, o semanário Sol anunciou revelações explosivas de Catalina Pestana , ex-provedora da Casa Pia: Continua a haver miúdos abusados na Casa Pia era o grande título do 1.º caderno. Ocupava quase toda a manchete juntamente com o grande plano da cara da senhora, com ar grave e sério.
Depois há dois subtítulos não menos impressionantes: De início acreditei na inocência de Paulo Pedroso e Alteração das leis penais tem a ver com este caso.

Enfim, tanta coisa e a tão anunciada entrevista só surge na revista Tabu
. Na capa, aparece a ex-provedora muito descontraída a caminhar na praia, descalça e cabelos ao vento. O título: Livre para falar. Subtítulo: A ex-provedora pode finalmente falar. Revela os bastidores do caso da pedofilia , assume a perda de confiança em Paulo Pedroso e abre as portas da sua infância pobre.

Antes de mais, perguntei-me: afinal qual a razão desta súbita liberdade? Alguém andou a amordaçar a senhora?
A resposta só vem mesmo no início da entrevista: "finalmente livre, sem o peso que representava a liderança da Casa Pia", diz o Sol. Não diz é que ela saiu em Maio deste ano -
mero pormenor.

A entrevista é uma autêntica desilusão, excepto a parte da infância pobre que não li e portanto não posso avaliar. No entanto, os títulos,
a vermelho, cor de sangue, apareceram largamente anunciados quer antes quer depois da publicação. E eu, que curioso, lá comprei o jornal, já não o posso devolver.

Afinal porque é que Catalina Pestana deixou de acreditar na inocência de Paulo Pedroso? Era esta a resposta que eu queria saber e a dúvida que me inquietava perante aqueles títulos tão efusivos do pasquim iluminado.
A primeira parte, de quando ela ainda acreditou na inocência, é muito bem explicada e desenvolvida.
Pelos vistos, apenas um aluno da Casa Pia referenciou à então provedora o nome do deputado. Ele era nem mais nem menos o braço direito de Carlos Silvino (o famoso Bibi) e aspirava a ser o seu sucessor. Catalina até nos conta que ele em tempos lhe veio pedir para ser o motorista da CasaPia. No entanto, acrescenta que não dava crédito ao rapaz porque, inexplicavelmente, ele estava muito bem de vida sem que a sua mesada o justificasse.
Além disso, o desacredito também se instalou quando soube que a dada altura circulavam umas famosas listas, com nomes de tudo o que era gente nobre, e que os casapianos estavam a ser instigados com notas de euro para indicarem nomes dessa lista de modo a baralhar a investigação e a abafar os verdadeiros nomes da rede.

Finalmente vem a parte mais ansiada, que supostamente devia ser o essencial da entrevista, tamanho era o suspanse causado no leitor.
A resposta abrange apenas meia dúzia de frases de CP, confusas e sem convicção, que couberam numa só pergunta. E qual foi a resposta que ela deu, perguntam vocês? Muito simples: «Eu só mudei de opinião em Maio, quando foi pedido o levantamento da imunidade parlamentar(…) Encostei-me à parede [para não desmaiar] e liguei para a polícia. (…) Disseram-me que já há algum tempo que havia miúdos que o referiam(…)».
E pronto, é assim que o Sol nos alumia. A entrevista continua para a semana, com mais novidades escaldantes (os DVDs do Expresso também).

3 comentários:

ofthewood disse...

ó RB, ainda perdes tempo com futilidades?? CP, PP, JS, etc... é tudo farinha do mesmo saco. E já agoa, também o JA Saraiva e os outros Saraivas, Teixeiras, Fernandes.

rb disse...

Of,
Contigo, vai tudo à frente, é de arrastão.

beautiful disse...

jogadas de bastidores é o que é ... em relação ao jornal e respectiva entrevista ó pá é empaliar para os leitores se quiserem saber terem que comprar o próximo. fazer render o peixe- conheces esta expressão? ...