quarta-feira, março 14, 2007

Quadras de António Aleixo

Peço às altas competências
Perdão, porque mal sei ler,
P'ra aquelas deficiências
Que os meus versos possam ter.

Julgam-me mui sabedor;
E é tão grande o meu saber
Que desconheço o valor
Das quadras que sei fazer!

Quem me vê dirá: não presta,
Nem mesmo quando lhe fale,
Porque ninguém traz na testa
O selo de quanto vale.

Sou humilde, sou modesto;
Mas, entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p'ra nada.

Não sou esperto nem bruto,
Nem bem nem mal educado:
Sou simplesmente o produto
Do meio em que fui criado.

Não sei se sei: sou dos tais
A quem pouco saber cabe;
Mas sei que é saber de mais,
A gente saber que sabe!

O tal Aleixo, o poeta,
Que dizem ser de Loulé,
É uma figura incompleta
Sem o Magalhães ao pé.

Vim ao mundo sem saber
Que vinha a ser o que sou;
Agora morro sem querer
E sem saber para onde vou.

Os meus versos o que são?
Devem ser, se os não confundo,
Pedaços do coração
Que deixo cá, neste mundo.


Do Grupo do Amigos do Lugar ao Sul

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