domingo, novembro 19, 2006

Azul e rosa

Com devoção, as senhoras mostram umas às outras as fotografias dos filhos, que trazem, carinhosamente, na carteira. Noutro canto, à conversa, os senhores discutem a bola ou a política.
Ainda hoje se vê que as salas de aula eram divididas em masculino para um lado e feminino para o outro.

Dizem-me que as meninas são mais sossegadas, portam-se melhor, são até mais responsáveis do que eles. Pergunto-me: porquê?

Para o bebé é o azul, para a bebé é o cor-de-rosa. Carros, comboios, barcos, aviões, pistolas, espingardas, metralhadoras, monstros, super-heróis, é tudo o que eles gostam. Para elas, a alegria é outra: bonecas, bonecos, bonequinhas, fritadeiras, tachos, pratos, talheres, maquina de lavar, de secar, de engomar, estojo de beleza, acessórios e afins.

Na publicidade infantil, o discurso, o tom e o ambiente dos anuncios, consoante o género a que se destinam, são radicalmente distintos: nuns, parecem contos de fadas; noutros, filmes de acção ou mesmo terror.

Na escola, a professora pôs música e disse aos meninos para dançarem. Elas, graciosas, juntaram-se de mão dada numa roda a cantar. Eles, desataram aos golpes e contra-golpes imaginários e mais mil e uma aventuras entre si.

5 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Rui Guerra disse...

...mas, o fascínio e a opção sexista é praticamente natural.

rb disse...

Duvido, acho que grande parte do sexismo também é cultural, ou, pelo menos, nada se faz para diluir essa opção, pelo contrário, estimula-se a separação.
Se tivesses vestido o teu filho rosa e a tua filha de azul, dado as bonecas a ele e os carrinhos a ela, achas que iriam estranhar?

Rui Guerra disse...

pensas que não o fizemos?
falo com experiência pessoal, caro amigo. brincaram com os novos brinquedos e naturalmente, refugiaram-se no que mais gostavam. O Manel não fica bem de cor-de-rosa, certamente.

rb disse...

Essa experiência tem de ser feita logo de início. Acho que não há uma propensão natural para se bricar com este ou aquele brinquedo e se há ela é deveras estimulada pela sociedade de consumo.
E olha que o rosa fica bem a qualquer um, não sejas preconceituoso.